terça-feira, 25 de junho de 2013

Adolescentes insistem em aprender a dirigir e deixam pais em alerta


 
Carro é uma paixão nacional. Desde criança, o brasileiro aprende a se apegar ao automóvel por meio dos brinquedos, dos videogames e do estímulo de pessoas da família. Os meninos, então, são fascinados por esse objeto de desejo antes mesmo de começarem a andar. Esse incentivo, aliado à vontade que os rapazes têm de dirigir, vem formando gerações de adolescentes ansiosos por assumir o volante, situação que deixa os pais apreensivos.
Impulsionados pelo desejo de sentar no banco do motorista, muitos jovens partem para as vias com os veículos antes de se habilitarem, muitas vezes, sem o consentimento dos responsáveis. Há também, casos em que os pais são coniventes com a atitude, que pode ter graves consequências.
A diretora-presidente da Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci), Elisa Franchiani de Oliveira, viveu a dor de perder o neto em um acidente de trânsito, em outubro de 2006. Na época, Thiago Franchiani de Oliveira Soeiro tinha apenas 17 anos e pegou o carro da mãe escondido.
“Ele aprendeu a dirigir sem os pais saberem. Thiago morava na Bahia, na cidade de Itamaraju, e foi de carro até Teixeira de Freitas. Cheguei a falar com ele pelo celular durante o trajeto, e pedi que parasse o carro, mas ele não me ouviu. Na volta para casa, meu neto bateu em uma caminhonete. A morte dele nos deixou um imenso vazio”, lamentou Elisa.
Masculinidade
Segundo a psicóloga do Hospital Metropolitano Emelini Sperandio, para os mais jovens, principalmente os homens, o carro é um instrumento de autoafirmação. “O veículo mexe com a masculinidade, eles se sentem mais seguros, querem se mostrar para os colegas, para a namorada”, afirmou ela, ressaltando que, se o filho menor de 18 anos insiste em dirigir, o melhor argumento que os pais podem utilizar é a lei.
“O primeiro ponto é deixar claro que essa atitude contraria a legislação. Além disso, os pais devem mostrar que guiar um automóvel exige grande responsabilidade. Não é só ligar o carro e ir a uma balada. A partir do momento em que você assume o volante, é responsável não só pela sua vida, mas pela vida de outras pessoas também”, alertou.
Números
Dados do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar apontam que, no primeiro trimestre de 2013, 331 menores foram flagrados dirigindo pelas vias do Estado. No mesmo período do ano passado, 257 adolescentes cometeram a infração.
O gerente de serviços da concessionária CVC, Antônio Norberto, disse que é comum ouvir relatos de clientes que são colocados à prova porque os filhos adolescentes já sabem dirigir e insistem em sair com o carro da família para ir a shoppings ou baladas.
“Alguns pais acreditam que os mais jovens devem aprender a dirigir desde cedo. Outros acabam cedendo à pressão e ensinam os filhos a guiar o veículo. O fato é que a combinação adolescente e direção tem tudo para causar problemas. Vemos o quanto essa situação aflige as famílias e procuramos ajudar passando algumas orientações”, afirmou Norberto.
De acordo com ele, o menor pode até ter conhecimento técnico, mas falta desenvoltura e experiência para enfrentar situações como chuva, neblina ou qualquer caso de emergência nas vias.
Maturidade
Na opinião do gerente geral da Tai Motors, Antônio Garcia, os mais jovens não têm maturidade para lidar com a dinâmica do trânsito nem com a parte mecânica do veículo. “O problema é quando o menor precisa tomar decisões. Dirigir é uma coisa, conduzir é outra completamente diferente”.
Garcia acrescentou que os adolescentes têm mais dificuldade para dominar as negociações básicas do trânsito nas ruas, como o relacionamento com outros motoristas e pedestres e o cumprimento da legislação.
“Acredito que pais e filhos devem refletir juntos sobre a importância e a gravidade que o trânsito representa. É importante conversar sobre as consequências que o desrespeito às leis pode provocar, como o menor se machucar ou ser o causador de um grave acidente”, ponderou Garcia.
Conversa
O piloto e instrutor de trânsito Rodrigo Marcheschi concorda. Para ele, a conversa franca é a melhor forma de evitar que adolescentes insistam em dirigir ou peguem o carro escondido.
“Os pais precisam ser sinceros com os filhos, expor a realidade e a dimensão do problema. Parece duro demais, mas tem de falar dos riscos que o adolescente corre, da vida que pode ser interrompida e das outras pessoas envolvidas, no caso de um acidente, por exemplo”, orientou ele, que mantém uma parceria com a concessionária CVC na realização de cursos de segurança no trânsito.
Para Marcheschi, uma alternativa para matar a curiosidade e o desejo de assumir o volante do filho adolescente é levá-lo a clubes de kart, deixando claro que ali é o único lugar onde ele pode dirigir legalmente e sem riscos.
Punição
Pelo Código de Trânsito Brasileiro, permitir que adolescentes dirijam veículos contraria a legislação. A lei estabelece que o processo de habilitação só pode ser iniciado aos 18 anos, com participação obrigatória em um curso de formação.
Conforme o Detran, o proprietário do veículo é advertido duas vezes quando o adolescente é flagrado dirigindo: pelo fato de o menor não possuir carteira de habilitação e por entregar o carro a uma pessoa despreparada. Ambas as infrações resultam em multa e apreensão do automóvel.



Vera Caser Comunicação
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